Um levantamento publicado em 2022 revelou que 57% dos brasileiros são a favor da legalização da maconha para fins medicinais. A maconha é considerada porta de entrada para drogas mais pesadas por 82% da população.
Além disso, maioria de 67% acredita que o tráfico de drogas não diminuiria após a legalização, bem como 77% acham que o número de usuários de cannabis acabaria aumentando se a erva fosse liberada para consumo recreativo. A pesquisa de opinião foi realizada pelo DataSenado. Os dados foram coletados pelo Alô Senado por meio de entrevistas telefônicas.
Nesta quinta-feira (9), o Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos alertou que a legalização da cannabis para uso recreativo pode levar a um aumento do consumo, principalmente entre os jovens, e não reduzirá a criminalidade associada.
O aviso foi feito na mensagem do presidente do Conselho Internacional para o Controle de Narcóticos (INCB, na sigla em inglês), Jagjit Pavadia, no início do relatório anua da organização, relativo a 2022.
O estudo indica ter analisado “detalhadamente essa tendência entre um pequeno número de governos” e observado “que a legalização da cannabis pode causar muitos efeitos negativos na saúde, principalmente entre os jovens”.
O organismo assinala que o uso não medicinal da droga “viola a Convenção Única sobre Estupefacientes de 1961”, que a classifica “como uma substância altamente viciante“.
De acordo com o relatório, em locais onde a cannabis foi legalizada para uso recreativo registou-se um maior consumo da substância, bem como um aumento nos efeitos contra a saúde e de transtornos psicóticos, e um impacto negativo na segurança rodoviária.
“Cerca de 4% da população global, à volta de 209 milhões de pessoas, usam cannabis (dados de 2020)”, o que a torna a “droga ilícita mais utilizada no mundo”, indica o comunicado de divulgação do relatório, adiantando que “o cultivo da planta regista uma tendência de crescimento na última década” e que o número de utilizadores cresceu 23%.
O INCB chama ainda a atenção para o fato de a legalização resultar numa menor percepção do risco do seu uso, e está particularmente preocupado com a expansão da indústria de cannbis, que comercializa produtos à base da droga “de modo atraente para os jovens”, refere Jagjit Pavadia.
Por outro lado, o conselho salienta que são “poucos os dados fiáveis disponíveis sobre o impacto da legalização da cannabis para tirar conclusões significativas” e que “a variedade de modelos” utilizados dificulta a transferência de conjuntos de dados de um país para outro e as previsões sobre os sucessos ou falhas de uma eventual legalização.
Recomenda assim que “sejam mais estudados os efeitos do uso de cannabis em indivíduos e sociedades antes da tomada de decisões vinculativas de longo prazo”.